Quando se encontram em estágio avançado de câncer, muitas pessoas estão dispostas a enfrentar qualquer tratamento – por mais agressivo que seja – para estender ao máximo sua existência, enquanto outras priorizam a qualidade de vida nessa fase final. O problema é quando o desejo dos pacientes não é levado em conta, como mostra estudo realizado por pesquisadores dos centros de câncer e cuidados paliativos da Universidade da Califórnia em Los Angeles.
Estudo mostra que o desejo dos pacientes com câncer em estágio avançado nem sempre é levado em conta — Foto: Parentingupstream para Pixabay
De acordo com o levantamento, 37% das pessoas num estágio avançado de câncer, que prefeririam uma abordagem médica voltada para um maior conforto e alívio dos sintomas, estavam recebendo terapias agressivas e com fortes efeitos colaterais, em total descompasso com seus anseios. Por outro lado, apenas 19% dos pacientes com diferentes tipos de enfermidades graves, como insuficiência cardíaca ou doença pulmonar obstrutiva crônica, relatavam esse tipo de incompatibilidade, indicando um maior alinhamento com a equipe médica.
“É compreensível haver uma certa discrepância entre os desejos do paciente e o tipo de atendimento que ele recebe em casos de doenças de alta complexidade. No entanto, o que nos preocupou foi a diferença no nível de desacordo entre pacientes com câncer e aqueles com outras enfermidades igualmente graves, com risco de morte semelhante”, afirmou o oncologista Manan Shah, principal autor do estudo.
A equipe realizou uma análise transversal pós-hoc – usada para explorar ou aprofundar resultados de uma pesquisa – com 1.099 pacientes: 231 com câncer em estado avançado; 163 com insuficiência cardíaca; 109 com doença pulmonar obstrutiva crônica; 213 com doença renal; 72 com condição hepática severa; e 311 muito idosos e portadores de uma dessas enfermidades.
Os pesquisadores constataram que todos os pacientes tinham preferências semelhantes em relação aos cuidados que gostariam de receber: 25% priorizavam tratamentos para prolongar a vida, enquanto 49% optavam pelo alívio de sintomas. Entretanto, 51% das pessoas com câncer em estágio avançado relatavam que a equipe médica estava focada em intervenções voltadas a estender sua existência, e somente 19% entendiam que os cuidados tinham como foco seu conforto e bem-estar.
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Entre aqueles com outras doenças graves, esses percentuais eram bem distintos: 35% entendiam que o foco estava em prolongar a vida, enquanto 28% percebiam ênfase no alívio dos sintomas. Não foi observada nenhuma diferença significativa na taxa de sobrevivência entre os dois grupos, mas os pacientes mais jovens e em melhores condições de saúde acabavam sendo submetidos a tratamentos mais agressivos, mesmo quando essa não era a sua vontade.
Resumo do dia